sábado, 18 de outubro de 2014

Temendo Aécio no poder, militância do PT volta às ruas para eleger Dilma

Felipe Almeida dos Santos quer cursar Medicina e defende tanto Dilma, quando o Mais Médicos. Foto: BlogImagem
Felipe Almeida dos Santos quer cursar Medicina e defende tanto Dilma, quanto o Mais Médicos. Foto: BlogImagem
Por Paulo Veras, repórter do Blog
A possibilidade real de o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) vencer o segundo turno da corrida presidencial fez com que a militância do PT em Pernambuco, que esteve um pouco apagada no início da disputa, voltasse a ganhar as ruas para tentar garantir, no corpo a corpo, a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). O engajamento é tanto, que vários atos paralelos de apoio à presidente estão sendo realizados por militantes comuns, sem a organização do PT.
Segundo apurou o Blog de Jamildo, a adesão à campanha de Dilma no segundo turno tem impressionado até mesmo a equipe que coordena os esforços em Pernambuco, liderada pelo senador Humberto Costa (PT). “A campanha não está só maior, ela está também mais apaixonada”, avalia a deputada estadual Teresa Leitão, presidente do PT pernambucano.
Foto: reprodução do Facebook de Paulo Rubem
Militantes customizam camisas com o rosto de Dilma Rousseff. Foto: reprodução do Facebook de Paulo Rubem
O avanço numérico pode ser constatado pelo aumento na demanda por material de campanha. Por dia, o comitê da petista no Recife tem aplicado, em média, 900 adesivos perfurados para carros. Dez mil bandeirinhas foram distribuídas em uma semana no Estado.
“Todo mundo se deu conta de que a última oportunidade é agora. De manter Dilma, as conquistas e os progressos”, diz Teresa Leitão, que acredita na vitória de Dilma em Pernambuco. No Nordeste, o Estado foi o único onde a petista não liderou a votação no primeiro turno. A mobilização deve ganhar mais força na próxima terça-feira (21), quando Dilma e Lula estarão no Recife e em Goiana, na Mata Norte.
Renata Holder e Juliana Karla só entraram na campanha na reta final. Foto: BlogImagem
Renata Holder e Juliana Karla só entraram na campanha na reta final. Foto: BlogImagem
“Por mais que eu tenha críticas ao PT, e eu tenho, acho que o governo do PSDB seria pior”, afirma Renata Holder, que faz mestrado em Linguística na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Renata chegou a pensar em votar em Luciana Genro (PSOL) no primeiro turno. Acabou indo de Dilma, mas só se engajou na campanha no segundo turno, depois que o embate passou a ser com Aécio.
“Ele tem o apoio do Bolsonaro, do Fidelix e do Feliciano; setores mais conservadores da sociedade”, diz. A amiga Juliana Karla Batista é enfática ao dizer que o engajamento veio agora “pela possibilidade de retrocesso para as políticas que a gente quer para o País”.
Gustavo Williams e Marília Seabra esperam garantir conquistas. Foto: BlogImagem
Gustavo Williams e Marília Seabra esperam garantir conquistas. Foto: BlogImagem
O estudante de Educação Física da UFPE Gustavo Williames estava fechado com Dilma desde o primeiro turno e também percebeu que a campanha ganhou gás nos últimos dias. “A mobilização aumentou pelo caminho que a eleição está indo. Com Aécio na frente, há a necessidade de mais divulgação”, afirmou.
Para Marília Seabra, que faz Enfermagem, votar na petista é uma forma de garantir o apoio à Educação superior.
Daniele Oliveira foi pela primeira vez a um ato de campanha neste sábado (18). Foto: BlogImagem
Daniele Oliveira foi pela primeira vez a um ato de campanha neste sábado (18). Foto: BlogImagem
A estudante de Jornalismo Daniele Oliveira foi a um ato de campanha pela primeira vez a um ato de campanha neste sábado (18). “Eu acreditava que o segundo turno ia ser contra Marina e ia ser um pouco mais fácil”, confessa.
“A gente fica com receio que Aécio ganhe”, diz, sobre a decisão de acompanhar mais de perto a campanha de Dilma. “O PSDB não fez nada por Pernambuco. Eu vi Lula fazendo, vi Dilma fazendo”, afirma.
Laís Micaela também foi pela primeira vez a um ato de campanha. Foto: BlogImagem
Laís Micaela também foi pela primeira vez a um ato de campanha. Foto: BlogImagem
“A maioria das pessoas que eu conheço votou em Marina e agora vai votar em Dilma porque não está querendo Aécio”, afirma Laís Micaela, que também estreava em um ato de campanha. “Se está ruim, pior vai ficar. Se ela sair, Pernambuco vai ficar esquecido”, avalia.
O estudante Felipe Almeida dos Santos faz parte de um grupo de amigos que se prepara para prestar o vestibular de Medicina e não apoia só a presidente, como o programa Mais Médicos, do governo federal, criticado pelas entidades da categoria.
“Tem amigo meu que votou em Marina no primeiro turno e agora, com o apoio a Aécio, se arrependeu”, diz o jovem, que vai frequentemente ao comitê petista pegar material de campanha.
Ana Júlia e Juliana aguardam filiação ao PT. Foto: BlogImagem
Ana Júlia e Juliana aguardam filiação ao PT. Foto: BlogImagem
A adesão de tantas pessoas à campanha de Dilma é comemorada pelas militantes Ana Júlia e Juliana, que aguardam a filiação ao PT ser oficializada.
“Antes a gente tinha a nossa militância. Agora, a população está percebendo o risco de ter Aécio no poder”, diz a primeira. “A gente só tem Dilma. A nossa salvação é Dilma”, completa a segunda.
NÚMEROS – No primeiro turno, Dilma Rousseff teve 41,59% dos votos válidos, contra 33,55% de Aécio Neves e 21,32% de Marina Silva (PSB). Em Pernambuco, Marina ficou na frente com 48,05%. Dilma veio depois com 44,22% e Aécio teve 5,92%. O mineiro, porém, conseguiu o apoio do PSB na reta final da disputa.
Pesquisa do Ibope e do Datafolha apontam o tucano com 51% das intenções de voto no segundo turno, contra 49% de Dilma. A situação é de empate técnico, mas chama atenção porque, pela primeira vez desde a redemocratização, um candidato que ficou em segundo lugar lidera as pesquisas no segundo turno.

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