quarta-feira, 19 de junho de 2013

Brasileiros de 25 cidades do mundo realizam atos de solidariedade aos protestos Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-de-25-cidades-do-mundo-realizam-atos-de-solidariedade-aos-protestos-8736144#ixzz2WhJ49ehP © 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

  • Ao todo, 50 cidades de quatro continentes já realizaram ou programam manifestações
RICARDO CALAZANS (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
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Manifestação em Florença em solidariedade aos protestos no Brasil Foto: Nathália Bariani
Manifestação em Florença em solidariedade aos protestos no Brasil Nathália Bariani
RIO - Vinte e cinco cidades de quatro contintentes realizaram, nesta terça-feira, atos em apoio às mobilizações que tomaram as ruas do Brasil na última semana. Em sua maioria jovens, os participantes relataram, mesmo de longe, um sentimento compartilhado de orgulho pelas manifestações que já reuniram centenas de milhares em todo o país, e de choque pelas imagens de violência policial que rodaram o mundo. Até agora, 50 cidades, da América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia, realizaram ou programam eventos de solidariedade aos protestos no país. O número só não foi maior hoje porque alguns organizadores não conseguiram autorização oficial para realizar seus atos, como em Valência e Madri, na Espanha. Valência remarcou para o dia 28 e Madri negocia uma mobilização para este sábado.
Veja abaixo depoimentos de brasileiros que participaram de manifestações nesta terça-feira em Florença e Pádua (Itália), Lisboa e Porto (Portugal), Estocolmo (Suécia), além do de segunda-feira em Chicago e Nova York (EUA) e do de Montreal (Canadá), no domingo.
Domingo, aconteceram protestos emDublin, Montreal, Nova York e Berlim. Nesta terça-feira, as mobilizações foram em Londres, que reuniu mais de mil pessoas, Toronto, Edmonton, Barcelona, Cidade do México, Buenos Aires, Lisboa, Coimbra, Porto, Sydney, Melbourne, Gold Coast, Lille, Estocolmo, Hamburgo, Copenhague, San Francisco, Córdoba, Calgary, Pádua, Florença, Turim, Rosário, Munique e Bolonha.
Nathália Bariani, 20 anos, Florença (Itália) - 18/06
"A ideia de promover uma manifestação pacífica em Florença veio junto com a proposta do Democracia não tem Fronteiras. Esse, por sua vez, é um movimento que surgiu originalmente nas redes sociais, e tem como objetivo ajudar a promover, em diversas cidades do mundo, protestos e manifestações pacíficas em suporte aos protestos desencadeados no Brasil depois da repressão da Polícia Militar em São Paulo, no dia 13 de junho.
A proposta da manifestação aqui e os motivos que levaram eu e mais duas colegas a organizá-la são praticamente os mesmos: apoio aos manifestantes que estão indo às ruas no Brasil, repúdio à corrupção, à precariedade dos serviços públicos, à impunidade política, e por aí vai. Nos juntamos à organização do Democracia não tem Fronteiras mundial, e a partir daí organizamos o evento em Florença.
Aqui o evento aconteceu hoje, dia 18 de junho, das 17 às 19h (horário local). Tínhamos que pedir autorização da polícia para a manifestação, e alguns policiais (cinco ou seis) estiveram presentes no local. O responsável pela equipe de Carabinieri, inclusive, nos procurou (as organizadoras) pra saber se precisávamos de algo, de qualquer tipo de ajuda.
Não tenho certeza de quantas pessoas éramos, mas eu diria entre 150-200. Foi tudo muito pacífico, o evento contou com a presença de muitas crianças e idosos. Muitos manifestantes vieram de Pisa, e muitos turistas e passantes paravam pra perguntar o que estava acontecendo, tirar fotos, expressar opiniões.
Foi muito bonito ver as pessoas cantando o hino nacional 3, 4 vezes, e depois parando pra conversar sobre a importância de tudo que está acontecendo e de uma conscientização política real. Estamos organizando outra manifestação para a semana que vem. "
Giulia Pizzignacco, 22 anos, Lisboa (Portugal) - 18/06
"O ato em Lisboa foi pacífico e bastante organizado. Reuniu em torno de 400 pessoas, sendo a grande maioria brasileiros mas contando com a presença de portuguêses também. Todas com cartazes que como podes ver nas fotos, abordam diversas questões problemáticas do Brasil. Tendo como principal alvo de críticas a Copa do Mundo e o Governo da presidente Dilma. Muitos dos hinos cantados, além do hino nacional, que foi cantado mais de uma vez e com muita emoção, foram: "Brasil, Grécia, Turquia e Portugal, a revolução é internacional" , "Dilma, pode parar, professor vale mais do que o Neymar", "O povo foi pra rua, Dilma a culpa é sua", "Vem, vem pra rua, vem!". A música também cantada a pleno pulmões, relembrando a música tema da ditadura de 64 foi "Roda Viva". O ambiente estava de muita emoção e não houve qualquer ato de violência. Também acompanhou todo o protesto um grupo de maracatu. E a polícia não interviu em nenhum momento, pois a manifestação é legalizada."
Luiz Felipe Fregonezi Ferraz, Pádua (Itália) - 18/06
"Fizemos um ato no centro histórico de Pádua, em frente a Università degli Studi di Padova (a segunda mais antiga da Italia e sétima do mundo). Conseguimos reunir tanto estudantes intercambistas como brasileiros que vivem em Padova, pesquisadores e até turistas. Cantamos o hino nacional, discursamos sobre o movimento Democracia não tem fronteiras, em português e em italiano, apresentamos nosso apoio as manifestações no Brasil e em todo mundo através de cartazes. Encerramos cantando uma música de mãos dadas e aplaudindo a manifestação."
Sarah Sioll, 31 anos, Barcelona (Espanha) - 18/06
"O protesto em Barcelona foi menor do que eu imaginava, levando em consideração que a cidade tem muitos imigrantes. Talvez o fim de tarde nublado e cheio de vento tenha culpa... Éramos em torno de 350 pessoas e o clima era de tranquillidade total. Alguns Catalães levavam bandeiras comunistas e precisaram de tradução quando os presentes deixaram claro que era uma manifestação apartidária. Foi bem lúdica, fizeram algumas dinâmicas para as pessoas mostrarem sua indignação e o que estava errado no Brasil. Os assuntos mais comuns foram os gastos da copa, PEC 37, falta de saude e educacao, corrupçao, homofobia e josé feliciano. Uma brasileira homossexual e casada na Espanha demonstrou sua insatisfação. Cantamos hino, algumas musicas de protesto e ficamos na praça."
Filipe Arruda, 22 anos, Porto (Portugal) - 18/06
"Todos se reuniram - éramos uns 400 - na praça da avenida Aliados, às 17h. Foi um ato bastante pacífico. De acordo com as informações divulgadas pela responsável do evento, já havia consentimento por parte da Câmara Municipal e da Polícia. Em sua maioria, eram brasileiros. Mas também houve apoio por parte de alguns portugueses e estudantes de outras nacionalidades. Acredito que esse é um momento ímpar na história recente do nosso país, mas infelizmente estou a ver isso de longe, hehe. Mas esse ato, compartilhado por muitos aqui em Porto, reflete o desejo e o apoio pelas manifestações pacíficas por um Brasil mais justo. Como já é bastante divulgado, não é somente sobre a passagem. Foi só o estopim. Como vi em um cartaz: "Nós saímos do Brasil, mas o Brasil não saiu da gente"."
Marzio Lorenzo Silva, 38 anos, Toronto (Canadá) - 18/06
Numa época em que o assunto poderia ser futebol, pessoas nas ruas protestando por uma melhoria na sociedade, é algo impressionante. Aqui em Toronto a maioria que veio ate a prefeitura é formada por estudantes. Pessoas com um poder aquisitivo melhor do que muitos que moram no Brasil. Jovens que tem o seu próprio carro mas que acreditam que uma melhoria no transporte publico é essencial para o crescimento do pais. E você sabe que isto nao é para todo mundo.quando falo estudantes, são jovens que saíram do Brasil para estudar inglês aqui.
Patrícia Moreira, Estocolmo (Suécia) - 18/06
"Os Brasileiros foram pro centro de Estocolmo para apoiar a causa contra corrupção, falta de investimento em educação, saúde, infraestrutura: enfim, toda essa roubalheira descarada que acontece no Brasil. O gigante realmente acordou e esperamos que esses atos resultem em algo positivo.
Aqui em Estocolmo, o ato foi pequeno; mas digno, com muita união e sem violência. Havia alguns policiais apenas monitorando. Os suecos olharam de longe. A mídia da Suécia me parece ainda estar um pouco perdida no assunto. Ontem mandei mensagem para os dois maiores jornais daqui, falando do ato que aconteceria em Estocolmo, contendo tambem um link do ato de Dublin e um vídeo em inglês que falava da nossa indignação. Mas nenhum deles me respondeu e hoje de manhã um dos jornais divulgou um artigo que focou mais na violência do que no propósito verdadeiro.
Hoje também em um canal de TV aberta teve uma reportagem que apenas mostrou a briga dos manifestantes com a polícia e que as manifestações sao contra a Copa. Mesmo com o depoimento em português de um brasileiro dizendo que queremos menos dinheiro pra Copa e mais dinheiro pra educação e saúde; a educação e saúde não foram citadas.
Me preocupa essa comunicação distorcida. Espero que eles venham a endender e apoiar o nosso propósito."
Mariana Goulart, 30 anos, Los Angeles (EUA) - 17/06
"A gente organizou o protesto bem despretensiosamente e acabou dando muito certo para uma segunda-feira à tarde. A ideia surgiu na sexta-feira depois do quarto ato em SP, que eu estava acompanhando praticamente ao vivo pelo Facebook (muitos amigos meus estavam lá), e eu queria ter estado lá. Depois da ação violentíssima da polícia militar (o que permanece em algumas cidades) eu senti que mesmo longe deveria fazer alguma coisa, não sabia o que ainda. E junto com outros três amigos decidimos fazer um ato de apoio aos protestos que estão acontecendo nao só em SP, mas agora no Brasil e em outras cidades do mundo.
O movimento é apartidário. Queremos e estamos lutando para que os governantes cumpram e assegurem os direitos de todos os cidadãos brasileiros em todos os estados do Brasil, nas esferas federal, estadual e municipal. Independente de partido político. Todos eles devem defender a população e é pra isso que estamos lutando em todas as capitais e cidades brasileiras e no mundo.
O aumento da tarifa do transporte público em São Paulo e a violência com que os manifestantes foram recebidos pela Polícia Militar foram a gota d’água. Eu acredito que a violencia da PM é mais um reflexo da violência diária que o brasileiro sofre todos os dias. Essa violência vai desde uma educação pública precária, um sistema público de saúde sucateado, transporte público sem qualidade, os preços altíssimos que pagamos em impostos sem nenhum retorno pra população, sem falar a violência que é ter Marco Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos, a PEC 37, que atesta a impunidade, tirando o direito do Ministério Público de nos defender, e o estatuto do nascituro, que proíbe por lei a mulher de ter direito sobre seu próprio corpo.
O protesto durou três horas e tinha cerca de 300 pessoas no horário de pico. A manifestação foi pacífica e contou com brasileiros e estrangeiros. Tivemos muito apoio das pessoas nos carros; passavam e acenavam que estavam com a gente e muitas pessoas no Facebook, mesmo nao podendo ir, confirmaram presença pra demonstrar solidariedade. Uma babá brasileira estava passando pelo local com duas crianças, estacionou o carro e chegou dizendo: “Eu ja avisei à mãe das crianças que vou atrasar, mas eu preciso ficar aqui nem que seja cinco minutinhos!” Tivemos também muitas famílias com crianças pequenas e cachorros e um deficiente visual ficou o tempo todo com a gente. Cantamos o hino nacional algumas vezes. E a imprensa local e brasileira tambem apareceu pra cobrir a ação."
Jéssica Passos, 22 anos, Nova York (EUA) - 17/06
"Nos juntamos na noite de ontem, dia 17 junho, na Union Square, em Nova York, para fazer uma pequena demonstração em apoio aos protestos no Brasil. A praça já é um local de protestos em Nova York, tem protesto quase diariamente, então era um ponto que dava bastante visibilidade ao evento, além de ser tranquilo e espaçoso.
O protesto foi obviamente pacífico, com pessoas de diversas regiões. Muita gente levou cartaz e havia uma grande variedade de mensagens, mas o objetivo parecia um só: informar e chamar a atenção da mídia internacional. O pessoal gritou muito, cantou e fez barulho, e várias pessoas paravam, para fotografar ou mesmo conversar. Vi alguns manifestantes conversando, em inglês, com transeuntes que passavam e perguntavam do que se tratava, e fiquei muito feliz quando um senhor que fotografava tudo disse que ia pesquisar sobre o que acontecia no Brasil.
Acho que mais importante do que definir temas, pra nós que estamos no exterior, é tirar o Brasil das margens. Como uma das maiores economias do mundo, ainda ficamos ofuscados na mídia, e pouco se fala sobre o nosso país, o que cria não só um misticismo dentre os estrangeiros, mas uma apatia mesmo de nós brasileiros, que tem que ser quebrada. Mais do que dizer sobre o que conversar, nós temos que conversar sobre nosso país, entre nós mesmos, e com pessoas de fora."
Alexandre D.F. de Anbdrade, 28 anos, Chicago (EUA) - 17/06
"A manifestação foi muito boa. O pessoal que estava lá ficou muito satisfeito de ter feito um pouco para ajudar o país. Foi uma especie de ato de solidariedade com as pessoas que estavam nas ruas do Brasil. Sou de Champaign. Minha cidade fica a 2:30h de Chicago e eu fui com um grupo de amigos apenas para esse ato de suporte aos manifestos. Éramos cerca de 150 pessoas. No meu ponto de vista o que provocou o ato primeiramente foi a brutalidade da polícia comos manifestantes. Sabemos que houveram atos de vandalismo, mas que nao foi representativo. Eu fiquei horrorizado com as imagens."
Gabi Faustino, 21 anos, Chicago (EUA) - 17/06
"Nós nos reunimos ontem no wrigley Square por volta das 7pm para apoiar as manifestações no Brasil. Não tenho ideia de quantas pessoas participaram, mas estávamos em um bom número! A organização do parque não permitiu barulho ou que fosse feito um protesto, então foi tudo bem tranquilo! Quase todos os participantes estavam segurando cartazes, reivindicando um Brazil melhor, e a maioria e inglês, o que fazia os americanos que também estavam por lá, pararem e prestarem atenção ao nosso momento. Foi a primeira vez que participei de um ato como esse e me senti muito orgulhosa de saber que não só o Brasil estava nessa, mas todo o mundo também!"
Marcela Sanches, 29 anos, Montreal (Canadá) - 16/06
"Fizemos a manifestação para mostrar nosso apoio aos manifestadores do Brasil que estavam sofrendo violência direta da polícia.

Saímos nas ruas para mostrar que era possível protestar sem violência, e que precisamos ter libedade de expressão.

Gritamos muito: violência não, democracia sim. E essa era a mensagem.

O nosso protesto aconteceu no domingo dia 16/06 e reunimos em torno de 200 pessoas debaixo de chuva. Seguindo o movimento no Brasil, fizemos uma manfiestação apartidária.

O sentimento de todos, inclusive o meu, é de que mesmo estando longe, não abandonamos o nosso país, e estamos lutando por um futuro melhor."
Ellen Carvalho (Madri) 21 anos - programado para sábado
"Creio que essa mobilizaçao está ocorrendo por que aguentamos e silenciamos durante muito tempo. E as mazelas do governo chegaram em um estopim. Porque o sentimento do brasileiro ao ver as imagens, estando em qualquer lugar do mundo. Foi de indignaçao à violaçao dos direitos humanos.
E soliedariedade as manifestaçoes, e emoçao que tomou conta do Brasil.
Ao olharmos pro mundo, vemos que é importante, e normal, manifestarmos. E olhar a situaçao, do Brasil, é se dispor e mostrarmos presentes e inquietos mesmo de longe."


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